Sexta-Feira. A areia nos olhos reflete a consolidação de nossa vulnerabilidade na medida em que vamos nos expondo. A decepção vinda da última pessoa a qual ainda mantinha um mínimo grau de entrega tira o chão, o teto e o smartphone. Vamos dançar a música conforme a batida de nossos corpos, ao choque de nossas cabeças duras. O erro é me conhecer demais ou de menos. Pior do que se expor é se expor e o outro não entender uma sílaba de quem és. Energia gasta em vão. Serve apenas para ensinar a base da pancada, o que é sabido não resultar positivamente. Não posso ir embora com essa música dentro de mim, com esse choro em pó que não cessa. A palavra. O veneno é o antídoto. As mesmas letras que ferem, distribuídas de outra forma são curadoras dos enfermos mais profundos da alma. Tanto faz, daqui a pouco já sou outro e você não saberá mais quem. Não vou deixar estar. Minha exposição é datada. Obra de arte momentânea, passageira, sem continuidade. Em um contínuo ritual de iniciação, passagem e morte.
sábado, 26 de novembro de 2011
quarta-feira, 23 de novembro de 2011
Esperança: Nome próprio.
Esperar mais do que realmente se tem ou se terá. Quase uma sentença sonhar hoje. O pessimismo deixou de ser apenas um substantivo comum e se tornou uma espécie de verbo imperativo contemporâneo. A tendência é esperar sempre o pior, o que vier é lucro. Sonhos? Guarde-os no bolso e sobreviva aos outros se não quiser se machucar. Pode ser que seja uma evolução do pensamento humano. Quando esperamos muito por ‘algo’, pensamos muito em ‘algo’ e desta forma ficamos íntimos (em nossa cabeça). Quando ela vem de fato a recebemos como um velho amigo e na verdade mal a conhecemos. Entropia inicial da comunicação. Quantas vezes os sonhos nos fazem íntimos quando no plano da realidade o nada impera entre dois corpos? A solução seria não esperar mais e correr ainda mais. Voltas no mesmo lugar, mas nada de esperar. Parado não. Um semáforo se fecha e você deve dar voltas em um gelo baiano até que o mesmo se abra. Não pare. Não espere. E por fim não se desespere.
terça-feira, 15 de novembro de 2011
Reflexo
O sol brilha ali
Eu aqui desisti de ser quem eu não fui
Simplesmente apago-me
Reflito em meu redor
As crianças me olham com lágrimas nos olhos
E dentes sujos de bala sete belo
Reflito em seus olhos
Um moinho quebrado a beira da praia
Teima em querer funcionar
Apenas pelo prazer estético
Que ele produz.