sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Dízima periódica da geração Y

Eu queria entender o porquê dessa não identificação com o nada ou com o tudo de que a geração Y compartilha e que muitos nem se dão conta. Essa angústia por saber e não saber quem é/foi. A busca por um sentido que não passa pelas drogas, arte, sexo... Tem a ver com o humano de nós. Quem somos aqui. É construção, é genético, é inconsciente, psicossomático? Acho que tem a ver com -quem culpar- , porque num mundo tão maluco, moderno e rápido é preciso condenar alguém. Mesmo sabendo que a culpa está dentro de nós. Um eterno cristo pregado em nossas almas, mesmo sendo ateu. É social, geracional. Vítimas pós-utópicas, sem ideologia, aliás, com uma única ideologia, a individual, de si mesmo. Profissionais de suas próprias mentes e corpos. Uma busca eterna por um “eu” completamente dissociado de “mim”. A conseqüência está nas ruas, na segregação do ser homem, de ser único, só e nada. Porque afinal de contas vivemos em função do outro, por mais que se negue, que se fuja, é real. Somo uma produção em série de unidades diferentes, mas que ainda pertencem a um único universo. Culpar os pais é ciclo vicioso sem fim. Enquanto isso, vivemos, tentando buscar uma resposta infinita. Dízima periódica da geração Y.

sábado, 13 de outubro de 2012

no filter

O meu dia começa quando ponho os meus pés no chão e termina quando a última gota de álcool evapora de minha pele áspera, corroída pelas noites a mais do meu jeito perverso de ser. Reflexo dos filtros que amenizam a feiura da gente. Da geração coca zero quanto mais zero melhor. Zero mesmo, no sentido literal. Vazio no jeito animal de ser racional comprando melancia geneticamente modificada. Sem sentido por querer como eu você a mercê de rimas pobres, porque o zero é cool entre todos nós. A vida é bela com o filtro certo. Num espeto à venda escuto os gritos de quem eu não quero ser. Ninguém é ninguém. Somos parte do todo, dos filtros pré-moldados que moldaram por nós. Somos vitange de nós mesmos, do que fomos uma ou duas semanas atrás. Falta de escolha ou escolha por falta. Tanto faz. No fim ou é mais alaranjado ou é mais azulado, não importa. Na escala das cores primárias, o limite é a mistura óbvia de qualquer coisa bonita aos olhos do outro sobre nós.

quarta-feira, 3 de outubro de 2012

perecível

Guardo angústias pra mais tarde, como bolinhos de arroz. Melhores dormidos, de um dia pro outro, amolecidos pelo tempo. Uma sensação de noite passada, de perdão para alguém. Futuro sem nexo do jeito certo.Como o dia em que deixei aquele lugar como sempre e como nunca não me olhei ao espelho do elevador. Como é difícil ser na despedida. Último olhar, última fala, um último toque. Adio todos os sentimentos, prolongo sofrimentos e com isso não consigo nada, apenas sou, pois penso, como dizem. E depois? Consigo. Mas continuo com as angústias nos bolsos, manchando o tecido, sugadas pela pele. Câncer certo na mente hipocondríaca. Um, dois, três comprimidos e foi-se a dor. Alívio comprado, felicidade em caixa, mas como todo produto do capitalismo, finda, vence a validade, perece como eu, como você, como nós juntos em meio a toda essa vida.