Tenso, logo existo. from Pedro Ramôa on Vimeo.
sexta-feira, 9 de dezembro de 2011
sábado, 26 de novembro de 2011
Decepcionar-me-iria
Sexta-Feira. A areia nos olhos reflete a consolidação de nossa vulnerabilidade na medida em que vamos nos expondo. A decepção vinda da última pessoa a qual ainda mantinha um mínimo grau de entrega tira o chão, o teto e o smartphone. Vamos dançar a música conforme a batida de nossos corpos, ao choque de nossas cabeças duras. O erro é me conhecer demais ou de menos. Pior do que se expor é se expor e o outro não entender uma sílaba de quem és. Energia gasta em vão. Serve apenas para ensinar a base da pancada, o que é sabido não resultar positivamente. Não posso ir embora com essa música dentro de mim, com esse choro em pó que não cessa. A palavra. O veneno é o antídoto. As mesmas letras que ferem, distribuídas de outra forma são curadoras dos enfermos mais profundos da alma. Tanto faz, daqui a pouco já sou outro e você não saberá mais quem. Não vou deixar estar. Minha exposição é datada. Obra de arte momentânea, passageira, sem continuidade. Em um contínuo ritual de iniciação, passagem e morte.
quarta-feira, 23 de novembro de 2011
Esperança: Nome próprio.
Esperar mais do que realmente se tem ou se terá. Quase uma sentença sonhar hoje. O pessimismo deixou de ser apenas um substantivo comum e se tornou uma espécie de verbo imperativo contemporâneo. A tendência é esperar sempre o pior, o que vier é lucro. Sonhos? Guarde-os no bolso e sobreviva aos outros se não quiser se machucar. Pode ser que seja uma evolução do pensamento humano. Quando esperamos muito por ‘algo’, pensamos muito em ‘algo’ e desta forma ficamos íntimos (em nossa cabeça). Quando ela vem de fato a recebemos como um velho amigo e na verdade mal a conhecemos. Entropia inicial da comunicação. Quantas vezes os sonhos nos fazem íntimos quando no plano da realidade o nada impera entre dois corpos? A solução seria não esperar mais e correr ainda mais. Voltas no mesmo lugar, mas nada de esperar. Parado não. Um semáforo se fecha e você deve dar voltas em um gelo baiano até que o mesmo se abra. Não pare. Não espere. E por fim não se desespere.
terça-feira, 15 de novembro de 2011
Reflexo
O sol brilha ali
Eu aqui desisti de ser quem eu não fui
Simplesmente apago-me
Reflito em meu redor
As crianças me olham com lágrimas nos olhos
E dentes sujos de bala sete belo
Reflito em seus olhos
Um moinho quebrado a beira da praia
Teima em querer funcionar
Apenas pelo prazer estético
Que ele produz.
terça-feira, 27 de setembro de 2011
Quando foi mesmo a última vez?
Porque os dias em que mais apetece ir à piscina são aqueles em que o frio enaltece nossas almas cinzentas e sem luz? Errar é humano, repetir é burrice e persistir durante sete períodos é divino ou diabólico? A característica perecível de nossos corpos nos mostra o quanto a vida é frágil, sobretudo quando os rótulos se expõem de cabeça para baixo. Experiências perturbadoras deixam clara a nossa vulnerabilidade perante o outro. Este que é capaz de nos expor a extremos sentimentos refletidos de nós mesmos. É quando aquela respiração ofegante reverbera por três dias e não te deixa esquecer o que foi dito. É quando o seu ídolo se humaniza e você se vê diante do nada que nos sentimos sem sonhos, sem realidade. Fatos simples explicam. Complexidade confunde ainda mais. O óbvio foge para um campo opaco. A barra da minha calça é a única coisa que faz parte da sua vida. Metáforas ultrapassavam a definição de diferentes domínios e chegavam a diferentes planetas. Posso te amar para sempre ou por três minutos. Não importa. A intensidade é a mesma. Queria ter chorado quando vi a loucura que você fez. Não o fiz. Vi, engoli e agora seguro o vômito.
quinta-feira, 22 de setembro de 2011
Oxímoro retórico
Você me persegue. Não perco o sono. Sonho com você. Acordado, todos os lugares me lembram você em algum aspecto pequeno que seja. Atribuo termos incompatíveis a você e tudo se mostra imperfeito na perfeição dos encontros. Não conheço um só momento de tranqüilidade e não é preciso passar pelo Humaitá para incompreender o mundo. Essa tendência neorromântica que nos envolve deixa-nos vulneráveis e suscetíveis a qualquer tautologia perdida no meio fio. Termos lingüísticos substituem a minha língua que jamais tocou a sua e essa ausência não se completa na definição epistemológica da palavra amor. Qualquer notícia sua me exaspera e muda todo o meu dia que não estava tranqüilo o bastante para receber tamanha dose de nostalgia. Respiro ofegante em uma sessão de yoga. Taquicardia e uma pitada de tic nervoso adoçam o meu dia. Sete minutos para fechar uma torneira não me aproximam de você. Dois minutos para apertar o botão do elevador não me deixam mais tempo vivo. Mesmo assim corrijo a postura, sorrio para os espelhos e me beijo em busca de referências bibliográficas corporais suas.
sábado, 17 de setembro de 2011
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Minha criação artística estava em prova. Não estava rendendo nem mais uma frase que valesse a pena. Simplesmente não estava vivendo um amor intenso o bastante para me proporcionar um sentimento necessário para dar alma a minha produção. Esse sentido inteligível da obra de arte, esse sentido que não se explica nem se entende. Sente-se. A minha vontade era sair por aí procurando alguém para amar e extrair como um parasita toda a dor e todo o amor que se pode sugar de alguém. Eu compraria um produto que provocasse tais sensações. Melancolia em conserva que se passa no corpo como um gel terapêutico às avessas. Era simplesmente uma vontade desesperada de sentir ou de se permitir sentir. Egoísta, narcísica, pedante e apaixonada. Não estava muito ligado a julgamentos morais e a humildade não possui o mesmo significado na vida e no dicionário. Desculpe-me.
segunda-feira, 12 de setembro de 2011
Pusilânime
Um ano. Um hiato muito grande na vida de duas pessoas. Um ano sem se ver. Um ano sem se olhar. Um ano sem se tocar. Um ano. Viver momentos inesquecíveis e esquecer. A vida cotidiana apaga memórias inenarráveis, casos espetaculares de cumplicidade afetiva. A maldita rotina. Esta que corrói as relações e impede que duas pessoas lapidem os mais puros sentimentos. Olho para trás e não enxergo onde perdi esse fio que nos ligava. Sei somente que o perdi e a memória é o único artifício que nos faz lembrar de nós. Esse imperativo do destino me deixa exasperado. Retroceder é impossível e eu sigo desse jeito nostálgico com vontade de agarrar o passado e recomeçar. Manutenção é uma palavra técnica que resume tudo. Como é necessária a manutenção da amizade, senão enferruja, quebram-se as peças e a torna obsoleta. Só amor não basta. O fato é que deixei um ano passar e não consigo entender onde estava e o que fiz. Um coma induzido, um estado corpóreo de anulação. Andava e não via aonde chegava. Olhava e não enxergava aonde pisava. Uma vida em um quarto escuro chamado mundo.
sábado, 10 de setembro de 2011
Carece de fontes.
Queria chorar agora. Vontade não basta. Não consigo sentir. A base dos sentimentos está destruída. É como saber a teoria e não possuir prática. Tenho medo de magoar através dessa momentânea falta de sensibilidade. Paro e penso em mim. Só em mim. Olho para o outro enxergando a mim mesmo. Não como identificação, mas como alguém que se vê no reflexo do olho do outro. Não me culpo por puro prazer estético. Não culpo nada. Só adquiro uma consciência doída demais para poder senti-la e remasterizá-la. Sinto-me pior e melhor do que os outros. Um fato é muito mais do que aquelas palavras demagogas que uma vez me disse. Discursos não mudam o mundo de ninguém e também não quero que isso seja diferente. Não existe dor pior do que a da exclusão. Devo isso por ser filho de um quase aborto.
quarta-feira, 31 de agosto de 2011
Ruminado Agosto
É muita emoção vomitada em nossas caras. Todos os dias, a todo tempo. Na televisão, nos jornais, na internet, nas ruas... Caminhamos em busca de uma alienação necessária de tudo isso que nos afeta e não nos completa, desse lixo todo que nos invade sem nosso consentimento. Eu não quero mais. Dias sensíveis como esses me fazem querer desistir e pensar no que é impensável dentro da minha mente insuportavelmente cristã. Ocorre uma psicossomatização, sinto dores nos olhos e não possuo diagnósticos. É muita coisa para o ser humano, é muita coisa para mim. Não dá mais, nunca dá mais. Quero acordar. Pelo menos.
No fundo eu nem sei se o que vem de fora importa de verdade. A coisa toda tem mais a ver com você mesmo. Você com você. Ali sozinho. Mas quando você se vê ali sozinho também é complicado. Não existem mais culpados, é você com você e apenas uma perspectiva. Uma perspectiva que pode te matar. Uma perspectiva que pode te salvar. Uma perceptiva. Não importa o que digam à você, não importa o que façam por você. Não acredito mais que a auto-estima venha de fora. Agora acho que ela vem de dentro, parte da sua colocação no meio onde vive. Parte única e exclusivamente de você.
“Tenho orgulho em mudar de opinião, pois é a prova mais concreta de que penso. Tenho orgulho de pensar.”
quinta-feira, 18 de agosto de 2011
Vias de fato
A gente cansa, descansa e re-cansa. Faz, desfaz e re-faz. Mente e desmente sem saber de verdade do que é capaz. Um bom poeta e amigo revelou-me seu pensamento de que estamos vivendo o imediatismo como um possível período histórico futuro. Concordo. Amamos, mas ao mesmo tempo nem tanto. Tampouco odiamos também. Porém, nada é pleno e eu me arrisco, sem rodeios eu digo eufemisticamente sem legitimar nenhum discurso ou causa.
domingo, 19 de junho de 2011
É ...
Sobre os vocês internos ou Intrínseco.
domingo, 5 de junho de 2011
Arranque minhas amígdalas com uma colher de arroz.
segunda-feira, 30 de maio de 2011
Sentado
Eu havia feito tudo conforme manda o figurino, havia abotoado um botão de cada vez, colocado a meia no pé direito primeiro, e amarrado os cadarços com delicadeza. Os ventos e a lua anunciavam um futuro ineficaz, monótono, mas transformador. Tudo isso me exigia muita maturidade, uma evolução a qual eu não possuía. Assumir tudo isso era por demais doloroso. Como reconhecer uma derrota quase, quase, quase vitoriosa? Impossível. Eu lia horóscopos procurando respostas matemáticas e lógicas. Piada! O pior é que no fundo eu ainda tinha esperanças. Era um resquício do virtuosismo cristão resultante de doze anos em um educandário de freiras. Pedia conselhos alheios e evasava ainda mais a energia que devia estar concentrada no meu exclusivo microcosmo. Todos estes apelavam por paciência e a mim não restava muitas alternativas a não ser acatar. Piamente.
domingo, 22 de maio de 2011
Deslcupe, mas sou Dionisíaco...
terça-feira, 17 de maio de 2011
Venha e mude a minha vida de vez!
Essa espera me enlouquece. Essa espera de algo que talvez nem venha agora, mas que no fundo eu sinto tão presente. Como lidar? Mamãe tenta me acalmar com palavras doces, mas a amargura e a angustia são predominantes. Nessa sensação eu embarco na esperança de esquecer e continuar vivendo para quando ela chegar de fato, eu seja pego de surpresa e fique feliz e rindo, achando absurdo tudo aquilo que senti. Venha, chegue logo. Eu sei que sou capaz de te administrar com maestria. Venha e mude a minha vida de vez! Venha e me faça feliz como quem ama e é amado. É um apelo desesperado. Venha e me me jogue para o alto, onde eu possa ver tudo aquilo que eu conquistei e assim poder acreditar em mim.
segunda-feira, 16 de maio de 2011
Ditadura Infantil
Naquele dia o horóscopo havia me mandado reavaliar os meus próprios valores. Os rapazes sorriam com dentes de açaí e eu andava com a voracidade daquele que nunca quer chegar. Mas algo diferente me ocorreu naquele mesmo dia, o dia o qual se aproximava do solstício da minha vida. Eu vivenciei um momento em família peculiar. Apesar de saber que nada daquilo era uma novidade, mesmo vendo tudo se repetir, eu percebi coisas antes adormecidas ou ignoradas. Eu abri um canal esclarecedor dentro de mim. Os culpados agora eram inocentes e os juízes eram condenados à prisão perpétua pela arbitrariedade com que eles agiram com corações não tão alheios assim. A leviandade sempre esteve presente, mas com a sutileza de um elefante branco dentro de um mar de leite e mesmo falando por escrito, com palavras específicas eu atingia esses corações não tão alheios assim. Escrevia o presente no passado e o futuro não cabia no moleskine azul turquesa. Dito isso, poderei continuar do ponto zero, acreditando no poder das palavras como algo que se materializa literalmente.
quarta-feira, 20 de abril de 2011
Give me a fucking break
Sei lá, às vezes bate uma saudade de tudo àquilo que abandonei, como se algo dentro de mim pedisse para voltar e retomar de onde parei. No fundo acho que é isso mesmo que eu quero, mas não é isso que posso e devo. Querer está longe do poder e da magnitude que tudo isso compreende. Não atender telefonemas é tão grave quanto uma agressão verbal a um mudo. Escorregar pelas mãos dos mais queridos e cair em solo vazio e só. Contemporaneamente tudo saia do meu controle, talvez eu soubesse o que estava fazendo e onde dentro de mim doía e machucava, talvez não. Somente o tempo, esse tempo que corre sem deixar-me segurar as pessoas, as quais quero junto a mim, esse tempo que voa tão alto e some do alcance de minha visão estigmatizada, esse tempo seria a cura para o meu drama psicologicamente natural.
terça-feira, 22 de março de 2011
12 Horas
quarta-feira, 16 de março de 2011
Plataforma Flutuante
(Fruto de sonho e do conceito de embriaguez)
quinta-feira, 10 de março de 2011
Assovio de uma quarta-feira de cinzas.
Qual seria o prazer em não sentir? Ou pelo menos fingir que não sente? Essas perguntas habitaram minha mente durante o último Carnaval. O momento que deveria ser mais caloroso e histrionico na sociedade cristã era blasé por querer. Por qual motivo eles teimavam em exibir as suas figuras, portando caras pálidas e sem vida? Ela amava, mas nem tanto. Ele odiava e também não. Sentia-me antiquado quando inserido em meio a jovens da minha própria geração, ou avançado demais, às vezes até um pouco ridículo, mas havia firmado um compromisso comigo mesmo: Ser eu, do jeito que tenho para hoje. Independente de valer nota ou não, façamos nossos papéis, sem cagação de regra.
segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011
Prazer em não reconhecer?
Calidez. Era o que eu queria ver em sua aura, em sua boca, pele e olhos. Amar era tão difícil para você e eu teimava em culpar a tendência blasé da sociedade carioca, mas não. ''Essa sua indiferença para com a minha pessoa'' era frustrante como esta última frase. Como um ciclo sem fim, uma rua sem saída, mas também sem fim. “Como se eu fosse Ulisses, mas sem a certeza de que Penélope estivesse a minha espera”. Congratulações. Pelo que? Para quem? Eis a questão. As referências me engoliam, as metáforas se repetiam. Isto valia a uma infinitude de pessoas as quais não queria entender. Desejava a auto-suficiência indesejável, no sentido do impossível.
segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011
Amanhã ...
Ser barrado da festa e receber o convite por engano foi algo que me afetou mais do que o normal. Não sabia como agir. Comunicar o erro e formar uma situação embaraçosa e ser convidado sem espontaneidade? Ou fingir que nada havia acontecido e continuar sorrindo de castigo? A minha vontade de pertencer ao que há poucos dias acreditava veemente ser minha praia me impulsionava a falar e informar o equívoco, mas ao mesmo tempo não queria forçar nada e muito menos assistir a uma atitude obrigada sem um pingo de naturalidade. Lágrimas rolavam em meu rosto e não entendia por que eu, logo eu, era a pipoca fora da panela, aquela pipoca que caiu no chão e foi chutada e esquecida atrás do fogão. Era uma tempestade em um cálice, mas doía e isso bastava. Pura estupidez, não responder a algo visando o bem estar do atrapalhado... E eu? E eu? E eu? Sorria e pulava com cara de babaca, não sei mais ser assim, não sei, mas sei.
quarta-feira, 26 de janeiro de 2011
Opacidade cristalina
A gente cresce e desaparece, sem deixar vestígios. Sumimos um do outro e o que fomos um dia jamais será como antes. Ao acaso nos reencontramos e você levanta seu dedo portando um grosso anel de noivado. Quando há um reaparecimento, mesmo que seja físico, imagético, é o vazio que predomina e nos envolve, um vazio tão triste, quanto ao dia em que nos demos conta que não havia mais um “nós”. O meu corpo era acostumado a você, ao seu cheiro, ao seu jeito, ao seu cabelo, ao seu bafo de sono às onze da manhã. O que vejo agora não me traz nenhum reconhecimento, parecemos estranhos receosos. Eu ri querendo chorar. Eu renovei votos que não existiam. Eu forjei o país das maravilhas. Eu invejei o inevitável receando o invejável. O que somos agora não tem significado. Não é um vazio com a expectativa do novo, é um vazio no vácuo, é um vazio opaco.
segunda-feira, 24 de janeiro de 2011
Um beijo e um queijo.
Acredito que ver o outro feliz e sentir-se bem por isso é a maior prova de maturação de um sentimento. Eu via você com nostalgia, mas ao mesmo tempo uma sensação de desapego me invadia. Ver a sua vida tão diferente de quando éramos mais jovens, me fez perceber o quanto não fazíamos mais parte um do outro. O que foi um dia não existe. São apenas lembranças que pretendo guardar com carinho. O distanciamento me deu capacidade de ver você como uma pessoa estranha e desse modo me libertar do que você foi um dia em minha vida. É assim, simples. Frio e impessoal. Do jeito que tudo ficou. Um nó na garganta, uma lágrima seca, um beijo e um queijo.
quinta-feira, 6 de janeiro de 2011
de véspera
Voltar àquela casa não era mais a mesma coisa. O clima estava sereno e eu ali sozinho, no meu quarto, me sentia em retiro, onde o som mais intenso que ouviria seria o barulho dos sapos e grilos. Escrevia a mão e gostava muito dessa sensação artesanal. Estava só e pela primeira vez naquela casa não descia correndo às escadas em busca do inalcançável. Há quatro anos dizia que só era feliz ali, porém hoje me sentia muito melhor e não estava nem perto da tal felicidade. Estava só, no silêncio. As pedras são Tomé me fitavam e eu tinha medo. O velho sofá cama recém reformado parecia-me fora do contexto sem você. Somando as horas eu não me dava conta de quanto tempo fazia, eu não tinha sono, não tinha sede, mas tinha fome, muita fome. Eu me alimentava de música, bons livros e cloro. Achava bom porque era real, pela primeira vez.