quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

de véspera

Voltar àquela casa não era mais a mesma coisa. O clima estava sereno e eu ali sozinho, no meu quarto, me sentia em retiro, onde o som mais intenso que ouviria seria o barulho dos sapos e grilos. Escrevia a mão e gostava muito dessa sensação artesanal. Estava só e pela primeira vez naquela casa não descia correndo às escadas em busca do inalcançável. Há quatro anos dizia que só era feliz ali, porém hoje me sentia muito melhor e não estava nem perto da tal felicidade. Estava só, no silêncio. As pedras são Tomé me fitavam e eu tinha medo. O velho sofá cama recém reformado parecia-me fora do contexto sem você. Somando as horas eu não me dava conta de quanto tempo fazia, eu não tinha sono, não tinha sede, mas tinha fome, muita fome. Eu me alimentava de música, bons livros e cloro. Achava bom porque era real, pela primeira vez.

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