domingo, 15 de janeiro de 2012

Certezas de um Janeiro incerto.

Difícil controlar a mente recebendo a sua visita nos sonhos, nos cantos e nos recados de meu pai. Você deu tchau e não foi embora. Aquela visita que se despede cento e trinta e sete vezes e não finda o contato visual. Como aqueles alunos de teatro tablado intensos no jogral, você não foi embora e eu fiquei. Aqui sem ter inteiro, tendo e nem tanto. Olho em volta e vejo o seu desejo, do qual não compartilho. Desgrudamos-nos como massa de modelar velha, gasta e suja de dedos escolares. Idéias mortas, coitos mal começados, gozo interrompido, uretra dolorida, dutos lacrimais em fluxo livre. Reflexos de uma vida que não houve. Vida desperdiçada. Vida repetida no erro de nosso medo de viver, de deixar ir, fluir. Amor de rima pobre, poesia ingênua, quase ruim, quase bela.

Nenhum comentário:

Postar um comentário