terça-feira, 16 de setembro de 2014

since 1991

entre todas as dores dos amores perdidos existe uma sensação particular que nasce do íntimo de nós. algo como quando somos os últimos a ser escolhido para o time de futebol da aula de educação física quando estamos na quarta série, ou mesmo quando abrimos o pacote de pão de forma e só há a casca. um vazio que nada tem a ver com o outro, mas sim com uma -falta- intrínseca à nossa alma. esta sensação sempre nos põe num lugar infantil, nos transporta para a infância, porque é lá que moram os pontos de partida de todas as nossas angústias, é lá que está a resposta para aquela tristeza de domingo em plena terça-feira a tarde. motivados pela ausência de nada, buscamos justificar esta falta no outro, procuramos por quem sofrer, inventamos amores irreais que nos afetam de verdade, então vem a dor, gratuita, e justificada por alguém que chega para representá-la concretamente. um dia você está lá na vida e de repente se vê numa relação que talvez só exista para termos a quem culpar, a quem jogar nossa mágoa sobre o quão insuportável é existir. esta dor, que congênita, vem de fábrica. sempre esteve aqui. a criança que chora pelo pirulito caído ao chão, chora com a mesma dor que você, abandonado, as duas da tarde, espera o soar do seu iphone 4.

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