quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Aprazível

Era primavera e a cabível fertilidade não havia aprazado minha vida. As pessoas com quem convivia diariamente pareciam pragas a destruir minhas grandes e belas folhas verdes. A perspectiva de um futuro incerto e no mínimo estressante se apresentara à minha realidade e por um instante tudo que havia construído até ali parecia se ruir como um castelo de areia que é levado pelo repuxar das ondas do mar na praia. O azul de Yves Klein não me dizia absolutamente nada, era um azul tão significante quanto a cor do velho uniforme da escola que estudara, o que não me trazia belas lembranças. A genialidade parecia-me completamente relativa e eu no alto de minha prepotência encarava o óbvio como o não óbvio e assim do contrário. Como poderia haver uma sincronicidade tão simpática, quando eu não queria nem olhá-lo nos olhos? Porém quando o fizera, levantamos nossas sobrancelhas simultaneamente arqueando-as como duas bocas comunicando-se sem querer.

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