segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Pusilânime

Um ano. Um hiato muito grande na vida de duas pessoas. Um ano sem se ver. Um ano sem se olhar. Um ano sem se tocar. Um ano. Viver momentos inesquecíveis e esquecer. A vida cotidiana apaga memórias inenarráveis, casos espetaculares de cumplicidade afetiva. A maldita rotina. Esta que corrói as relações e impede que duas pessoas lapidem os mais puros sentimentos. Olho para trás e não enxergo onde perdi esse fio que nos ligava. Sei somente que o perdi e a memória é o único artifício que nos faz lembrar de nós. Esse imperativo do destino me deixa exasperado. Retroceder é impossível e eu sigo desse jeito nostálgico com vontade de agarrar o passado e recomeçar. Manutenção é uma palavra técnica que resume tudo. Como é necessária a manutenção da amizade, senão enferruja, quebram-se as peças e a torna obsoleta. Só amor não basta. O fato é que deixei um ano passar e não consigo entender onde estava e o que fiz. Um coma induzido, um estado corpóreo de anulação. Andava e não via aonde chegava. Olhava e não enxergava aonde pisava. Uma vida em um quarto escuro chamado mundo.

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