domingo, 1 de abril de 2012

de/para

Você jurou chorar frente ao meu ataúde. No entanto jazemos um ao outro e pelo que soube de papai, você está no ápice, feliz e não sente falta alguma minha. Algo que há tempos passados jamais poderíamos considerar são. Por mais que a vida dê voltas, o amor não. O meu não. Você parece ter amadurecido e se estabelecido atrás de um balcão, assalariado, bem assalariado, financiando o seu novo amor por aí. Eu não. Eu ainda vago por letras organizadas em frases que formam livros, atrás de respostas para essa dor, esta falta de algo que nunca tive, esta expectativa insana, duradora, por você que nunca veio e não virá. Que má é essa esperança, sobretudo, neste imediatismo contemporâneo, em que as TVs de plasma vêem antes do amor próprio. Em sua linguagem me sinto financiado também. Sinto você como um apartamento classe média, dois quartos, sala, cozinha e sem dependência, pago em 147 vezes, ainda estou pateticamente na parcela 17 gritando para o mundo minha casa própria. Que grande anedota é você. Jura que me esqueceu? Como pôde? Você mora dentro de mim!

Ai Ai...

Minha vida também ficou bem melhor sem você. Conheci as melhores pessoas para carregar para o resto de minha vida. Inteligentes, generosas, que me entendem, falam minha linguagem sabe? Incrível como mudei. Irremediável como você jamais entenderá um por cento da minha complexidade e isso já basta para fazer de você inadequada para mim. Ou seja, a partir do momento que desejo você diferente do que és, o encanto se quebra. Mudar o outro vai contra ser feliz. Logo, desisto de novo. De você.

Um beijo sincero, porém sem carga.

Pedro.

Nenhum comentário:

Postar um comentário