sexta-feira, 27 de abril de 2012

Ferida Aberta

Vez ou outra ainda pensava naquele dia triste e quente de outono. A mesma sensação voltava em mim, ódio na perda, no erro de não resgatar a essência e me deixar levar por intelectualidades que censuravam o meu verdadeiro eu. Como pude esquecer-me de onde vim? Perdi em mim o menino doce que um dia fui, aquele o qual várias vezes realmente tentei fugir, cedendo ao desejo da mudança. Consegui. Construindo-me a partir do olhar alheio. Teoria da verdade. Quem fui não sou mais. -And now- Agora, quando eu havia atingido o mérito percorrido por todo esse tempo, pecava no mesmo lugar só que na contra mão. Fugi de mim durante o tempo e agora o que deveria era me reencontrar. Yin-yang. Não era ir nem vir. Era encontrar um meio termo entre o que fui um dia e hoje sou. Perdi-me entre o identificável e a personagem de mim mesmo. O couro tratado modifica-se e cede à mudança. Vou ficar, aportado, aqui a espera de acomodações. Só assim encontro. O quê?

2 comentários:

  1. acho que vc estar sempre a procura de um "eu" que não existe...pq quando vc encontrar esse "eu", vc já está procurando outro "eu"...a vida é uma eterna busca..busca ao nada, afinal de contas

    ResponderExcluir
  2. Obrigado pela sensibilidade Nanda, impressionante.

    ResponderExcluir